quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Capítulo 114

(Maria Clara narrando)



- O que está acontecendo? - Luan indagou incrédulo - Você supostamente não deveria estar numa festa com o Henrique? 
- Acho que a gente se desencontrou. - se desculpou nervosa e Henrique negou visivelmente frustrado com a situação. 
- Henrique continue o que você estava contando. - Luan o incentivou.
- Contar o quê? Henrique o que você está fazendo aqui? - Ceci perguntou assustada com o que poderia vir.
- Cala a boca Cecília. - Luan falou firme a fazendo dar um passo para trás. 
- Então como eu estava dizendo, quando ela foi para a Argentina...
- Henrique não, não fala nada pelo amor de Deus, você não me pode trair assim.- Cecília implorou desesperada. - Eu juro que se você continuar eu esqueço que você existe.
- Um dia você irá me agradecer Cecília, só quero o seu bem. - se defendeu e Luan respirava fundo para não perder as estribeiras ali mesmo. - Na Argentina a Cecília esteve com a Carolina, e na semana passada se encontraram na casa dela.
- O quê? - Luan falou em tom baixo não acreditando. - O que você disse?
- Isso mesmo seu Luan, a Cecília anda tendo contacto com os pais biológicos, eu falei pra ela que vocês não mereciam isso, mas é claro que o Kauan a incentivou do contrário, até foi com ela. 
- Eu te odeio Henrique. - Cecília falou com raiva chorando e Luan se levantou a encarando. 
- Henrique obrigada por abrir o jogo, será que agora poderia ir embora, a gente precisa conversar. - pedi calma e ele assentiu.
- Claro, qualquer coisa contem comigo.
- Espera Henrique. - Luan pediu e ele se voltou - Foi você que mandou uma mensagem me avisando para abrir o olho com a Cecília?
- Não seu Luan, não mandeu nada não e me desculpem ser tarde demais, eu sinceramente esperava que ela repensasse em tudo que fez.
- Cala a boca e vai embora da minha vida. - Cecília gritou e assim que Henrique saiu ouvi um som de algo estalar, quando me virei vi que Luan tinha dado um tapa no rosto de Cecília.
- Luan. - me aproximei tentando evitar que ele fizesse algo pior. - Não faz isso Luan. - não adiantou nada falar, ele tirou a mão de Ceci do rosto dela e o segurou com a sua mão a fazendo o olhar.
- Eu nem sei por onde começo, por dizer que você me desiludiu como ninguém o fez até hoje, se falamos do facto de você fumar e de andar com aquele moleque, ou se falamos de você ter reencontrado as pessoas que te abandonaram. Mas no fundo o que eu quero mesmo é te bater, você não tem ideia da raiva que eu estou Cecília.
- Pai por favor.
- Por favor digo eu, você não é a mesma, cadê a minha filha, cadê? - gritou e ela tentou se desenvencilhar das mãos dele. - Sobe agora. - a agarrou pelo braço e a puxou para o andar de cima.


Cecília se queixava que Luan a estava magoando e mesmo que eu tenha tentado impedir ele não me ouvir. Entrou no quarto dela e a sentou na cama. 


- Você vai me bater mesmo? - Cecília indagou. - Porque se fizer isso saiba que só me dá motivos para ficar com os meus pais. 
- Luan. - gritei vendo que ele lhe bateu de novo - Luan pára com isso. - implorei chorando.
- Mamãe que foi isto? - Lucas chegou na porta do quarto preocupado - Porque a Cecília está chorando? 
- Nada Lucas, volta para o quarto.
- Foi por eu ter quebrado o perfume? - indagou choramingando - Desculpa Ceci, eu não queria, foi sem querer. 
- Não foi nada disso Luquinhas, não chora meu amor.
- Maria Clara pega no Lucas e sai de casa, vai passar a noite em casa dos meus pais, da sua mãe ou até mesmo da Bia mas sai de casa. - Luan me pediu sério.
- Eu não posso Luan, ela é minha filha.
- Eu sei, mas você está grávida e tem de pensar nos gémeos antes de tudo, apenas vai embora e manda os empregados embora também.
- Amor não faz besteira. 
- Eu ainda tenho consciência Maria Clara, o que eu fizer será para o bem dela e o nosso.


Saí do quarto e logo ouvi a porta bater atrás de mim. Nunca vi Luan assim, nem quando socou o Fábio em Amesterdão por ter ferrado comigo, Luan estava fora dele e além do mais estava magoado, eu via isso em seus olhos. Fiz as malas rápido e desci mandando a Cida embora, e pedi que seu Luís me levasse pra casa da Bia. 



Luan On: 


Eu nunca na minha vida me imaginei nesta situação. Eu amo a Cecília, a criei com todo o meu amor, lhe dei educação, fui mais que um pai para ela, era amigo, protetor, contador de histórias, era a pessoa que ela dizia que mais admirava e amava. Mas agora a vendo na minha frente chorando eu só me lembro das besteiras que ela fez nestes últimos meses. Ela não era a mesma, não era a minha menina, a minha princesinha. 


- Porque você não me contou que aquela menina te intimidava? 
- Eu achei que fosse apenas implicância.
- Mas você ficou cismando naquilo e só te fez mal. Eu te dei tantas chances de você me contar Cecília.
- Eu sei pai, mas eu não queria te preocupar com isso. - se explicou soluçando encolhida na cama.
- Você tinha de me preocupar, é meu dever de pai te ouvir e evitar que isso continuasse. E como começou fumando, meu Deus, até me dói a alma dizendo isso. - passei a mão no rosto e ela mantinha o olhar fixado no chão.
- Foi num dia que a Ashley pegou mais pesado comigo, eu me isolei no fundo da escola, lá tem um jardim meio abandonado e o Kauan estava lá, ele me ofereceu e eu aceitei.
- Porquê? - sussurrei não sabendo se sentia raiva ou pena.
- Eu me sentia muito mal com as coisas que ela dizia, eu só queria esquecer e relaxar.
- Você foi fraca Cecília. - gritei - Você não pensou duas vezes antes de se entregar ao vício, eu não quero você fumando está me ouvindo. Está me ouvindo? - fui até ela e segurei o seu rosto a fazendo me encarar e assentir.
- O que rolou entre você e esse Kauan?
- Nada. - a olhei feio - Só estamos ficando.
- Até onde já chegaram?
- Não passou de beijos pai, não aconteceu nada do que o senhor está pensando. - a olhei nos olhos e vi sinceridade, fechei meus olhos e respirei fundo.
- E a Carolina onde entra nisso tudo?
- Eu fiquei pensando nessa coisa de ser adotada e numa conversa com o Kauan ele disse que seria bom eu descobrir mais do meu passado.
- E você seguiu os conselhos daquele merdinha? - segurei seus dois pulsos com uma mão  enquanto a outra continuava segurando seu rosto.
- Ele disse que uma mulher resolvida poderia conquistar tudo que queria, seria uma mulher sem medo e sem receios.
- Você é tão burra, ele só estava te querendo levar para a cama, ele estava te virando contra quem mais te ama só para te tirar a virgindade Cecília e você iria agir feito uma vadia. - meus olhos arderam só de pensar nessa possibilidade.
- Ele não quer nada disso, ele gosta de mim, ele me faz esquecer as coisas más, e eu estou apaixonada por ele. - cuspiu aquelas palavras e senti meu sangue ferver.
- Você vai parar com essa infantilidade, você nem sabe o que é isso de se apaixonar, eu não te quero mais com ele, nem que seja a última coisa que eu faça.
- Eu gosto dele papai. - soluçou de chorar - Ele não é assim.
- Cala a boca. O que você queria com a Carolina? 
- Eu só queria entender o que aconteceu para ela me abandonar, eu juro que a enfrentei e desabafei tudo que estava sentindo, ela sabe que eu tenho mágoa dela, ela sabe disso.
- E porque a procurou? 
- Eu queria saber mais, ela está arrependida e até tem um filho, e mesmo eu sabendo que ele é meu irmão eu não o consigo ver como tal.
- Eles não são nada seus, você é minha filha e nada muda isso.
- Eu não disse o contrário.
- Você disse que eu só te dava motivos para você ficar com eles. - grunhi.
- Eu fiquei com raiva, eu não faria isso. Eu só queria saber quem eu era.
- Você sabe muito bem quem é, Cecília Albuquerque Santana, minha filha e da Clara, irmã do Lucas. Mas esta que está na minha frente não é a minha filha. Eu fiz e faço tudo por você, eu mato e morro por você Cecília. Você me traiu, me apunhalou pelas costas, me decepcionou e não confiou em mim. 
- Me desculpa papai,.
- Não desculpo Cecília, você terá de recuperar a minha confiança, eu só tenho raiva e ódio de você agora.
- Se está me odiando me manda embora. - falou entre dentes irritada.
- Me dá o endereço da mulher que te abandonou naquele hospital sem um pingo de remorsos. - fiz questão de reforçar cada palavra.
- O que você vai fazer?
- Me dá a porra do endereço. - gritei e ela tremeu assustada se levantando devagar. Me deu um papel e se sentou na cama chorando. Você pode começar esquecendo essa ideia de conversar com ela novamente, assim como com aquele moleque. Amanhã mesmo eu irei na escola te tirar de lá e processá-la, uma escola com aquela qualidade não deveria admitir bullying e menores fumando. Toda a gente irá pagar por isso. Agora fica aqui quietinha que eu vou sair.
- Pai não faz nada, eu juro que paro de fumar e de procurar a Carolina.
- E o Kauan?
- Eu não posso papai, eu não sei ficar sem ele. Não me muda de escola, me deixa ficar lá.
- Você está se ouvindo? Você se afastou de toda a gente porque esse cara te levou por maus caminhos, ele está te enganado, fazendo você pensar coisas que não são verdade, ele te faz fazer coisas que você em sã consciência nunca fazia. 
- Para de falar dele assim, ao contrário de você ele me compreende, ele me dá amor, me dá carinho.
- Você está reclamando que eu eu não te dou amor, que não te compreendo. - falei frio e ela abraçou os joelhos. - Você está fora de si Cecília, mas eu juro que você irá entrar na linha. - Tirei a chave da porta do seu quarto e a tranquei, ela que nem pensasse em sair de casa. 


Desci as escadas correndo e peguei nas chaves do carro, o GPS me levou até ao prédio onde morava a Carolina. Após ter a minha entrada liberada subi, eu estava nervoso, tremendo por todo o lado de raiva, estava com a respiração acelerada e minha cabeça latejava. Tudo porque não consegui parar um segundo de pensar em Cecília. Se Carolina estava de volta e se tinha intenções de me tirar a Cecília de novo é desta que eu mato alguém e não me arrependerei de passar o resto da minha vida na cadeia. 



- Luan, eu nem quis acreditar que era mesmo você. - se admirou assim que abriu a porta.
- Não estou para isso Carolina, apenas quero saber o que está acontecendo, porque você quis reencontrar a Cecília? Achei que fui bem claro no tribunal, você viu que ela não seria sua nunca.
- Hey, primeira entra, não vou bater boca na porta de casa. - entrei feito um furacão e sem ela mandar me sentei no sofá. - Ela que quis conversar comigo na Argentina, ela me disse tanta coisa, ela me odeia.
- E tem razão em te odiar.
- Eu sei, mas você acreditando ou não eu me arrependo, e aí a gente se viu na semana passada, ela veio aqui com o namorado.
- Namorado o caralho. Aquele moleque não é nada. - corrigi e ela me olhou engolindo em seco.
- Ela continuava na defensiva, me perguntou se eu não me emocionei quando ela mexeu na minha barriga tal como os gémeos mexeram com a Maria Clara. Eu apenas lhe disse a verdade e ainda a repreendi por ela estar escondendo coisas de você.
- Coisas? - indaguei não percebendo.
- Ela está fumando Luan.
- Eu sei, mas como você sabe?
- Ela me viu fumando na Argentina e me pediu um, no final da conversa me ameaçou dizendo que ou eu deixava o maço todo com ela ou não a veria nunca mais.
- Você alimentou o vício dela. Como você pode descer ainda mais baixo, você é sem escrúpulos.
- Para com isso Luan, eu sabia que a veria de novo e eu iria acabar por a convencer a largar isso, você acha que eu não fiz nada?
- Você nunca faz nada Carolina a não ser infernizar a minha vida.
- Você acha mesmo isso? Eu não quero tirar ela de você, eu já entendi que o melhor pra ela é ficar com vocês, você a ama como filha de verdade.
- Ela é minha filha de verdade. 
- Eu sei, dá pra ver isso. Mas não pense que eu quero infernizar a sua vida, eu já o fiz isso e e arrependo. 
- Então porque aceitou se encontrar com ela, se afastava, ela não precisa de você.
- Quem você acha que te mandou aquela mensagem? Quem? Fui eu Luan, eu queria te avisar, eu não poderia ir até você e falar isso porque você poderia não acreditar, afinal a minha palavra não vale nada, eu te mandei mensagem, mas demorou pra você perceber, agora me diz. Quem errou desta vez?
- Você está dizendo que eu tive culpa dela estar do jeito que está? Você não sabe do que fala.
- Eu não disse isso, apenas achei que você iria tomar as rédeas mais cedo, já se passou um mês.
- Eu sei que deveria, mas ela estava bem, quer dizer, aparentava estar. Eu lhe dei um voto de confiança.
- Ela sabe fingir muito bem, você deveria ver ela me insultando, em nada parecia aquela menina meiga que dava entrevistas com você.
- Só quero deixar claro que vocês não irão se ver nunca mais.
- Luan, a gente estava tentando se entender, apenas como conhecidas, não acaba com isso por favor. - me pediu.
- Não posso fazer isso Carolina, eu tenho nojo de você, depois de tantos anos eu só tenho nojo e ódio de você.
- Tudo bem, não vou interferir, você está com raiva e eu entendo, mas quem sabe um dia a gente converse calmamente sobre isso.
- Espero que não chegue nunca. - saí batendo a porta voltando para casa.



Cecília On:


" - Você pode ser minha família. - confessei baixo e Luan sorriu de canto. 
- Você gostaria?
- Muito. Amo a tia Mari, a Bubu, amo cê... - sorriu sincero - Ia adolar. "


"- Mas cê ama ela, poque não vai ter com ela?
- Ela tem outro. - Luan sorriu fechado.
- Não fica tiste, cê tem a mim. - sorri sincera e ele me abracei de lado beijando meu rosto. "


"- Lu. - sorri grande assim que o vi. Ele se abaixou e me pegou no colo me abraçando bem forte. - Veio me ver? - beijei seu rosto. 
- Melhor do que isso, vim te buscar para viver comigo pra sempre. - eu fiquei surpresa processando o que ele disse e o abracei.
- Obigada Lu, cê é meu anjo. Sério memo que vou ficar na tua casa sempe? - riu da minha carinha.
- Vai, eu te adotei, você agora terá uma família.
- Eu te amo. - se emocionou com tais palavras.

(...)


- É, sou seu papai se você quiser. 
- Eu quelo muito, agola cê não é Lu, é papai."

" Papai é um amor né? - lhe perguntei - Cês podiam namolar de novo, ia ser tão legal. Cê podia ser minha mamãe e eu podia dançar sempe contigo."


"- Agola eu tenho um papai e uma mamãe. – sorriu grande emocionada e nos abraçou ao mesmo tempo. – Obigada, cês são os melhores, eu amo muito vocês.
- A gente também te ama muito filha. – ouvi Clara dizer e me emocionei por ela receber a Ceci tão bem deste jeito, sem se assustar com o que viria.
- Eu que amo vocês mulheres da minha vida. "


"- Que abraço gostoso mamãe. - riu.
- Eu te amo pequerrucha, não esquece nunca.
- Te amo muitão mamãe, não vou esquecer e você não esquece também. - ri fraco."


" Papai tá bavo né? 
- Está, você foi muito mázinha falando aquilo para ele. Seu pai te ama muito e faz tudo por você. Não merecia que você falasse daquela forma.
- Mas mamãe eu só não quelo ficar longe dele. 

(...)

- Desculpa, eu te amo e gosto muito que você seja minha mamãe.

(...)

- Papai eu sei que fui má contigo, eu só não quelo ficar sem ti, te amo muito e cê continua sendo meu anjo sempe. Me desculpa? Eu vou pa escolinha, mas só não deixa eu muito tempo sozinha. Desculpa por ter dito aquelas coisas, cê é o melhor papai do mundo, é o meu gande amor. "


" Mamãe o papai me salvou. – choramingou.
- Salvou meu amor, seu pai é um herói."


"Ma dá muitos beijinhos no meu papai para ele ficar feliz" - mamãe falou se lembrando do que eu falava - Você tanto pediu a Deus que ele te ouviu filhota.
- Deus é muito bom comigo, me deu amiguinhos, um papai que é meu anjo, uma família, uma mamãe e agora eu sou muito feliz. - papai sorriu emocionado e desviou o olhar envergonhado.
- E Deus nos deu você, a nossa luz de alegria e paz. - mamãe passou a mão em meus cabelos loiros. "


"- Nossa filha. - papai riu e beijou minha cabeça - Eu que tenho sorte de ter você, a melhor coisa que eu fiz na vida. - sorriu grande e lhe retribuí."


Todas aquelas lembranças passavam pela minha cabeça. Eu amava Luan demais, ele foi meu anjo da guarda, e eu só tinha de lhe agradecer por tudo, em parte eu entendia a desilusão dele, mas ao mesmo tempo eu merecia saber sobre meus verdadeiros pais. Disquei o número de Kauan e ele logo atendeu.


- Meu pai me bateu Kauan. - lhe contei assim que ele atendeu, com tanta coisa ele com certeza se esqueceu de me tirar o celular e agradecia por isso.
- O quê? Porquê?
- Ele descobriu tudo, que sofro bullying, que estou com você, que fumo e que procurei a Carolina.
- Ele não pode fazer isso, é crime.
- Ele é meu pai Kauan.
- Foda-se isso Cecília, o que ele te vai fazer agora?
- Não sei, ele saiu me deixando trancada no quarto.
- Foge comigo.
- O quê? Não posso, ele me mataria Kauan, eu disse-lhe que estava apaixonada por você, ele quer me afastar de você Kauan. - solucei só de pensar nisso.
- Você está apaixonada por mim? - indagou surpreso e assenti com um "Uhum" - Wow eu nem sei o que dizer, mas não te posso deixar aí assim, amanhã quando você sair pra me encontrar a gente dá um jeito e bola algo.
- Eu não sei se vou conseguir ir Kauan, e se ele me tranca de novo?
- Ele não vai fazer isso, e você já está em maus lençóis, uma saída só te irá fazer bem e você está comigo, ele não saberá onde nos encontrar.
- Tudo bem, amanhã ás 22h você me pega aqui em casa.
- Combinado, e se não nos falarmos até amanhã, relaxa, vai dar tudo certo.
- Eu acredito em você. - ele riu fraco.
- Agora vai relaxar se você me entende.- na hora me lembrei do baseado que eu tinha guardado do meu aniversário, se papai iria me proibir de fumar eu teria de me despedir e mesmo estando em casa estava pouco me importando.


O procurei onde o escondi atrás da minha cama e com o isqueiro que tinha ali no quarto para acender as velas, o acendi. Abri a porta da sacada e fiquei ali apenas relaxando e me divertindo sozinha. Os efeitos foram logo evidentes e se meu pai enchesse meu saco quando voltasse eu iria estar com mais paciência para o ouvir ou pra ser sincera, nem o ouviria.



(...)



A porta do quarto foi destrancada e assim que ela se abriu eu me mantive sentava no chão da sacada observando o céu que agora estava com cores alaranjadas anunciando a chegada do pôr-do-sol. Tinha terminado o baseado há pouco tempo e sei que o cheiro estava no ar ainda mas o que isso importa? A minha vida é uma treta mesmo.


- Cecília. - ouvi a sua voz grossa atrás de mim e nem me movi. - Cecília olha pra mim. - continuei estática novamente - Porra, olha pra mim. - me gritou e ri vendo a sua cara de ira.
- Nossa, como você é engraçado gritando.
- O que você andou fazendo? - se abaixou ao meu lado e apertou meu rosto me olhando bem nos olhos. - Você andou fumando a merda do baseado?
- Não sei, acha que sim papai? Eu já nem lembro. - ri e ele me puxou me fazendo ficar de pé, meu corpo estava mole e tive de me encostar na parede, era a primeira vez que fumava um baseado sozinha e a sensação é bem diferente de quando dividia com Kauan.
- Olha esse olhos vermelhos, você mal se segura, está fedendo a essa porcaria, você está parecendo uma...
- Uma quê papai? Será que estou parecendo uma drogada? É isso? - indaguei rindo.
- Você acha graça né? - Com toda a força me levou até ao banheiro e abriu a água fria sobre mim.
- Ai, para, para, para, por favor, para.
- Quem tem de parar aqui é você. - gritou me fazendo tampar os ouvidos com a mão.


Ele tirou a minha roupa e me deixou ali sozinha. Enquanto isso ouvi barulhos no quarto mas estava tão molenga que nem forças tive para me levantar.




Meu pai voltou segundos depois. Me embrulhou numa toalha e me levou para o quarto. Ele parecia mais calmo ou era apenas a minha cabeça que achava aquilo. Ele me enxugou e me vestiu. 


- Você está melhor? - me perguntou e apenas assenti com a cabeça - Onde tem mais daquela merda, você tem tabaco aqui em casa?
- Não. - falou sonolenta.
- Espero que seja a última vez que isto acontece. - me deitou na cama e me cobriu. - O seu celular está comigo assim como o computador, quero você longe daquele cara. - fechou a porta e meus olhos se fecharam. 



Luan On: 



Saí do quarto de Cecília com o coração despedaçado. Eu nunca desejei vê-la assim, era duro e cruel de mais o que ela fazia com ela mesma. Me doía como nada doeu. Ao mesmo tempo que eu queria cuidar dela também queria brigar feio até ela acordar para a vida. Era tão frustrante, tão horrível. Entrei no meu quarto e me senti na cama me permitindo chorar. Eu aguentei tudo até agora porque a raiva e o nervosismo estavam em mim, mas agora mais calmo eu caí em mim e me permiti chorar. Não sei onde errei, não sei se poderia fazer algo para ter evitado. Mas se não consegui fazer nada antes, agora eu iria fazer. Liguei para Maria Clara e ela logo atendeu preocupada.


- Você está bem amor?
- Estou Clarinha, dói tanto.
- Eu sei, me deixa ir pra casa, me deixa te abraçar Luan, amenizar a sua dor?
- Não amor, fica aí onde você está, amanhã eu te busco.
- Eu estou em casa da Bia, achei melhor do que estar preocupar seus pais e a minha família.
- Fez bem, o Lucas como está?
- Ele ficou assustado, mas o Felipe brincou com ele e já está dormindo, e a Cecília?
- Ela... - pensei se deveria contar, mas ela era mãe, tinha de saber - Eu saí e quando cheguei ela estava sob os efeitos do baseado, acho que era o único que ela tinha, eu procurei no quarto e não achei nenhum, ela também me disse que não tinha nada em casa.
- Ai meu Deus.
- Mas eu lhe dei um banho de água fria e ela está dormindo agora.
- Tomara que tenha sido o último. - suspirei - E você saiu pra onde Luan?
- Eu fui na casa da Carolina, foi el...
- Onde? Eu não acredito. - se exaltou - Você foi atrás daquela vagabunda?
- Hey se acalma, eu só fui deixar claro que ela não me irá tirar a Cecília e que não quero ela por perto. Mas ela me surpreendeu pra ser sincero.
- O que ela inventou agora que tanto te surpreendeu. - falou debochada.
- Foi ela quem me mandou aquela mensagem. - Clara ficou sem reação e então lhe expliquei a cena na Argentina.
- Ao menos ela fez algo sensato uma vez na vida, mas isso não é nada perto do que ela já fez.
- Concordo, por isso deixei bem claro como as coisas seriam.
- Luan, eu estou com medo. A gente não sabe como ela está, e se ela chegou num nível em que é viciada?
- Você já fumou também Clarinha, você vai saber ajudar ela.
- Não vou Luan. - negou com a voz falha - Eu quando fumei tinha consciência e noção de que aquilo era apenas um divertimento de vez em quando, quando eu queria, não quando meu corpo pedia, eu da mesma forma que comecei também parei. Mas pelo que vejo ela não tem essa noção.
- A gente vai arrumar um jeito. Amanhã cedo eu vou passar na escola, quero processar aquela menina que começou tudo isto.
- E a Ceci vai voltar para a escola?
- Para aquela não, e nos próximos dias ela vai viajar comigo, por isso não se preocupa.
- Você tem certeza?
- Tenho, eu quero ela debaixo dos meus olhos, talvez se eu ficasse mais em casa eu tivesse notado mais sinais dela.
- Não Luan, não fala isso, você estava em casa e você sempre esteve atento, ela que escondeu bem demais.
- Amor vou desligar, você tem de dormir.
- Você também, come alguma coisa, eu quero você bem. Te amo.
- Te amo.


Adormeci depois de muitas horas rebolando na cama. Como combinado, fui na escola e processei a Ashley, a diretora me prometeu medidas drásticas mas mesmo assim eu lhe garanti que iria prestar queixa por permitir que os alunos fumem. Do mesmo jeito que eu exaltava as qualidades da escola também a detonaria. Peguei Clara e Lucas em casa de Bia, que me ofereceu o maior apoio, notava na cara dela que estava preocupada e magoada com a Cecília, quem não estaria?


(...)


Estava na cama com Maria Clara que me contada sobre a próxima consulta dos gémeos. Cecília passou o dia no quarto, apenas eu a chamava para comer, mas logo ela voltava para dormir. Não disse nenhuma palavra e talvez fosse melhor assim, eu não queria me revoltar mais.


- Amor? - Clara me chamou e a olhei - Eu acho que estou com desejo.
- Desejo? - sorri pela primeira vez assim depois de tudo.
- É, e acho que não tem em casa, eu quero pizza com açaí.
- Pizza a esta hora Clara, não irá fazer mal?
- Eu estou com desejo. - fez um biquinho e deu de ombros.
- Tem certeza que não tem em casa?
- Não tem, vai no 24h e compra mim por favor?
- Tudo que você quiser. - lhe dei um beijo e me vesti rápido.



Cecília On:


Passei o dia todo dormindo, precisaria de descansar e a ansiedade para rever Kauan estava me matando. Consegui sair de casa e ouvi meus pais conversando no quarto, eles estavam tão entretidos que nem deviam estar prestando atenção a mais nada. Desci devagar e Kauan me esperava junto com um amigo no carro.


- Que saudade. - o abracei.
- Ainda ontem me viu. - riu fraco e me beijou.
- Eu sei, mas eu estou com medo que meu pai me afaste de você.
- Isso não vai acontecer, ele não irá te afastar de mim. - piscou o olho e em alguns minutos chegámos na festa.


Bebemos e se eu pensava que no dia anterior tinha fumado pela última vez me enganei, pois agora estava de novo. Senti minha cabeça um pouco tonta e parei de beber. Senti Kauan dançar colado a mim e beijar meu pescoço.


- Vem comigo.
- Onde?
- Para um local reservado pra gente, eu te disse que hoje você seria minha. - me arrepiei só com aquelas palavras e me deixei levar, no andar de cima ele abriu a porta de um quarto qualquer e foi em beijando após a ter trancado.
- Kauan. - parei o beijo - Depois de eu me entregar pra você alguma coisa irá mudar entre a gente? - indaguei fixa em seus olhos.
- Irá, eu irei assumir a nossa relação e além do mais, você será mulher de corpo e alma. Eu prometo que será devagarinho, com jeitinho Ceci. Você confia em mim que eu sei, sou tudo de melhor que você tem agora.
- Eu sei e por isso eu quero que seja com você. - ele sorriu e me beijou me juntando mais a ele enquanto as suas mãos vagueavam pelo meu corpo. Ele tirou minha blusa e eu senti o nervosismo me invadir. - Me deixa ir no banheiro antes por favor?
- Não precisa babe.
- Eu quero Kauan, eu preciso molhar meu rosto, eu sinto que estou meio sonolenta pela bebida, é rapidinho. - falava sentindo ele beijar meu colo e apertar meus seios.
- Rápido gatinha.


O banheiro ficava ali mesmo no quarto. Apenas encostei a porta e fiquei me encarando no espelho. Eu estava prestes a me entregar para o rapaz que eu sei que gosto de verdade. Acho que não tem nada de errado nisso. Molhei meu rosto com água fria e um barulho no quarto me despertou. Era alguém batendo na porta.






Capítulo enorme para vocês. Nem tenho nada que falar, só quero saber o que vocês acharam kkkkk E quero saber o que vocês pensam que irá acontecer kkkk Beijos enormes <3 

12 comentários:

  1. Dá vontade de te bater quando para assim

    Com certeza o Kauan vai querer tirar a virgindade da Cecília junto com outro amigo.
    Mais uma grande decepção para Luan e para Clara.

    Muito me admira eles não terem se tocado que o estado de Cecília já requer uma internação. Visível que ela não está mais respondendo pelos seus atos. Apanhou, apanhou e quando o pai virou as costas foi fumar.

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  2. to curiosa demais!!!! continua

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  3. Pelo amor de Deus não deixa ela fazer isso :( ai chega ta doendo em mim

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  4. Espero que seja a Ashley que ouça o que precisa ouvir para acordar pra vida e ver que Kuan nunca quis o bem dela.

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    1. Vc vive na minha cabeça? Kkkkk vc merece um prémio :b

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  5. Super apoio a reação e as atitudes dele diante da Cecília. Talvez se eles tivessem sido um pouco mais rígidos com ela, ela não teria a mente tão fraca a ponto de entrar no caminho que entrou.

    Espero que eles agora sejam mais rígidos e não deem muita moleza a ela.

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  6. CHOCADAAAA COM O LUAN!! ACHO QUE CECÍLIA VAI SE REVOLTAR DE VEZ AGORA

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  7. Amando a sua história. Você escreve bem.
    Parabéns.

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  8. Continuaaaa por favor ,espero que ela escute algo que faça ela cair em se logo e repensar que ela tá fazendo da vida dela.

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  9. Luan ficou realmente decepcionado. E com toda razão!
    Será que ela vai perder a virgindade com o Kauan? Ai, deixa eu correr pra elr o próximo.

    PS.: Pizza com açaí? Meu Deus. Açai já é horrível, imagina com pizza? kkkk

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    1. Açaí é horrível? Eu acho gostoso vendo as fotos kkkk queria provar um dia kkkk pizza é tudo de bom hahah

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