terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Capítulo 116

Maria Clara On: 


Deixei para ligar pra Logan no dia seguinte. Esperava que ele pudesse me ajudar. Eu pressentia que Cecília estava viciada, como alguém na idade dela que fuma vai conseguir controlar ou entender que deve ter limites? Agora com o que Luan me falou eu só tive a certeza. Ela não podia continuar nisso, mais tarde ou mais cedo iria ceder e voltar tudo ao mesmo.


(...)


- Oi oi Clara. - atendeu alegre e ri fraco. - Tudo bem? 
- Oi Logan, tudo mais ou menos e você?
- Estou bem, mas o que aconteceu?
- Você tem tempo pra mim, preciso de conversar sério.
- Ui agora me assustou. Pode falar, tenho todo o tempo do mundo.
- É a Cecília... - lhe contei toda a história, ele apenas soltava "What?" "Really?" "No way". - Por isso te liguei, estava pensando que você poderia me ajudar.
- Claro que eu posso, nossa, ainda estou meio atordoado com tudo isso. Não imaginava, meu Deus.
- É, nós também não imaginávamos, mas a vida nos surpreende.
- Verdade, mas eu vou ajudar vocês. - falou convicto.
- Eu sei que você conseguiu então espero que tenha algumas dicas. - ri fraco.
- Não tenho dicas mas tenho uma ideia melhor ainda. Manda ela pra cá.
- Como assim?
- Isso mesmo, ela vem pra cá viver uns meses até estar bem. Faz uma espécie de intercâmbio, vai lhe fazer bem, conhecer pessoas novas, treinar o inglês, e vai estudar numa escola diferente.
- Não posso aceitar isso Logan.
- Claro que pode, eu e a banda estamos tirando este ano para descansar, ela será muito bem vinda aqui. Estou falando sério, manda ela pra cá, eu vou adorar ajudá-la e você tem de pensar em você primeiro Clara, tem os gémeos e a gravidez merece maior atenção, deixa comigo que eu trago a  antiga Cecília de volta.
- Eu tenho de falar com o Luan, não sei se ele aceitará, você sabe como ele é.
- Eu sei, mas isso é o melhor para ela. O Luan quer o bem da filha e por vezes tem de fazer grandes sacrifícios para isso. Ele vai entender. 
- Eu vou falar com ele.
- Fala, e se ele não deixar avisa que eu mesmo vou buscá-la no Brasil, eu quero de coração fazer isso pro vocês. Eu tenho um amor enorme por ela, você sabe, por isso eu quero mesmo ajudá-la. 
- Muito obrigada Logan, eu nem sei como te agradecer, você está sempre lá pra mim.
- Assim como você pra mim. - senti ele sorrir. - Fica bem Clara, qualquer coisa me liga.
- Vou ligar com certeza, beijos, te adoro.


Logan tinha razão, era bem melhor a Cecília estar com ele na Inglaterra se cuidando do que aqui. Ela respeitava-o e tinha um carinho enorme por ele, iria ouvir o que ele tinha pra dizer. Não que não ouvisse Luan, mas a gente não tem experiência nenhuma nessa área e Luan viaja demais, não tem como estar sempre de olho nela. Sei que vai ser difícil para ele aceitar isso, é um pai babão, mas é o melhor.


(...)


Luan arrumou mais uns dois dias de folga e veio visitar a gente, dava pra notar a preocupação dele, porque em condições normais ele não viria nos visitar assim, só no final deste mês e olhe lá. Estava me arrumando, ele chegaria antes do almoço. Lucas não foi na escolinha, como sempre acontecia quando Luan nos visitava por pouco tempo.


- Mamãe. - entrou no quarto alegre - Papai vai demorar?
- Não sei pequeno, mas deve estar quase chegando.
- Tenho saudade, sem e ele e agora sem a mana fica meio chato.
- Chato? E eu? -. me fingi de indignada.
- Ah mamãe, a senhora está grávida não pode brincar comigo que nem meu pai e a Ceci brincam.
- Você só pensa em brincar, mas eu sou a melhor companhia para ver desenho né?
- Depende, meu pai também é legal.
- Você e esse amor louco pelo seu pai. - ri fraco negando.
- Também amo a senhora, mas meu pai é homem e me entende sabe mamãe?
- Eu sei meu filho. - lhe dei um beijo no rosto e descemos.
- Vamos fazer o quê agora mamãe?
- O que você quer fazer? - indaguei acariciando a minha barriga enorme.
- Não sei, vamos ver desenho. - ligou a tv e se aconchegou a meu lado.


Fazia-lhe um leve cafuné e vi ele lutar para manter os olhos abertos. Mas assim que a porta se abriu ele se levantou super rápido correndo ao encontro de Luan que tratou de o pegar no colo.


- Estava vendo que não chegavam nunca.
- Nossa filho, quanta saudade. - Luan brincou e Lucas o abraçou forte. - Estava fazendo o quê com a sua mamãe?
- Vendo desenho, mas quero jogar futebol com você.
- Mais tarde a gente joga. - colocou Lucas no chão que foi abraçar Cecília e veio ao meu encontro. - Oi meu amor. - selou nossos lábios - Oi amorzinhos do papai. - beijou minha barriga e se sentou do meu lado me puxando para o seu peito.
- A viagem correu bem?
- Aham, daqui a duas semanas volto para passar uma semana inteirinha com vocês.
- É, até porque alguém fica mais velho né. - ri e ele assentiu entusiasmado.
- Oi mãe. - Cecília deu um sorriso pequeno e se agachou me abraçando.
- Oi filha, você está bem?
- Estou, e os bebés?
- Estão se comportando.


Almoçámos e depois de conversarmos bastante na sala Lucas e Luan foram jogar futebol no jardim. Aproveitei para ficar descansando enquanto os via se divertirem. Cecília estava do meu lado e me olhava vez ou outra.


- Mãe eu quero te pedir desculpas, eu sei que embora o papai tenha brigado mais comigo e cuidando mais de mim, a senhora também estava preocupada e só não fez mais por conta dos bebés. Mas eu quero pedir desculpa por isso.
- Nada não, só quero que você fique bem.
- Eu estou tentando. - suspirou desviando o olhar.
- Mas?
- Mas é difícil mãe, eu não estava tendo consciência do tamanho do vício que estava tendo, agora eu estou sentindo demais. Sei que não devo fazer aquilo mas minha mente parece que só pensa em fumar.
- Hey, vai tudo ficar bem. - agarrei a sua mão e ela deitou a cabeça no meu ombro.
- Eu espero que sim, já dei problema que chegue. - choramingou e a abracei.
- Não fica assim filha, a gente acredita em você.
- Eu sei mamãe, e é por vocês que eu vou conseguir. Mãe, eu quero visitar os avós, eles devem estar magoados comigo.
- Não estão, mas acho ótimo você visitá-los. Como é viajar com o seu pai?
- É bom, já tinha saudades. - riu limpando o rosto.


(...)


Cecília estava no banho e Lucas já estava de banho tomado e no quarto dele vendo desenho. Aproveitei para conversar com Luan.


- Amor eu liguei para o Logan. - me sentei no sofá do nosso quarto e ele ainda de toalha se sentou ao meu lado.
- E aí? Ele deu dicas pra ajudar a gente?
- Ele fez mais do que isso. - o olhava receosa - Ele disse pra gente mandar a Cecília para Inglaterra, ele cuida dela e ajuda-a, quanto ás aulas, ela fica numa escola de lá.
- Você sabe que eu não aceito isso né?
- Eu já imaginava, mas ele garantiu que vinha aqui buscar ela. Amor ele está mesmo convicto disso, ele quer muito ajudá-la e como agora está numa pausa com a banda, tem todo o tempo para se dedicar á Ceci.
- E nós como ficamos? A nossa posição de pais fica como? Eu não vou deixar que outras pessoas cuidem dos problemas da minha filha, não vou Clara. Eu que sou o pai, eu que tenho esse direito.
- Eu sei, e como pai você só quer o bem dela e se o bem dela é longe, a gente terá de aceitar.
- Aceitar coisa nenhuma. - se levantou exaltado - O Logan pode estar sendo super gente boa nos ajudando mas isso já é demais, não quero e não quero. Ela não vai para Inglaterra coisa nenhuma.
- Então? Vai mandá-la para um centro de reabilitação, vai ficar viajando e eu que tenho de cuidar de tudo? Você esquece que eu estou grávida? Eu amo a Cecília mas neste momento eu tenho mais dois bebés que dependem bem mais de mim.
- Tem meus pais, seu irmão, tanta gente que pode nos ajudar.
- E o Logan é uma delas e parece-me a mais certa. Meu irmão daqui a nada também é pai, seus pais não têm de levar com os problemas dos netos, já tiverem os seus e da Bruna, também merecem descanso e o Logan se prontificou, ele sabe o que faz Luan.
- Você sempre é por ele, o que ele disser pra você está ótimo, você acredita e confia em tudo que ele diz e faz.
- Porque realmente ele tem razão e não faria nada para nos magoar.
- E eu faria? - me olhou incrédulo - Eu faria Maria Clara? - falou mais alto me assustando.
- Pára de gritar. Eu não disse que você faria algo para nos magoar, não coloca coisas na minha boca, e nem começa com ciuminho. Eu não estou para aturar isso Luan. - falei brava - Pensa na Cecília, pensa se você poderá dar a ela o que ela mais necessita agora, não pensa que você será um péssimo pai por a mandar para a Europa, você apenas estará cuidando dela, lutando para que ela saia desse vício, achei que era isso que você queria. - virei costas e saí do quarto.


Fui na cozinha fazer um chá e tentar me acalmar. Estava nervosa, Luan estava sendo egoísta demais, ele mesmo mandando Ceci pr alonge continuaria sendo o pai dela e só mostraria que queria que ela ficasse boa logo, mesmo que pra isso tivesse de lidar com o dobro da saudade. Os gémeos se remexeram demais e me sentei respirando fundo, nunca senti eles se mexerem tanto, e pior que isso, é que doía bem mais. Voltei para o quarto e Luan estava na sacada encarava o céu.


- Luan.-  o chamei e ele me olhou de repente - Me ajuda.
- Que aconteceu? - entrou no quarto e veio para perto de mim.
- Eles estão mexendo demais e está doendo muito.
- Deita aqui. - me ajudou a deitar confortável na cama e nem assim me sentia melhor. - Está melhor?
- Não, liga para a doutora Olívia. - mesmo depois de tantos anos ela continua sendo minha obstetra e confiava imenso nela.
- Acha que eles podem nascer? Está cedo.
- Não tão cedo, quase seis meses e são gémeos Luan, normalmente nascem antes do tempo.
- Ai senhor. - pegou no celular e enquanto esperava acariciava minha barriga de leve. - Doutora... A Clara está com dor, os gémeos estão mexendo demais... Sim, ela está deitada mas nem assim passa. - me olhou e respirei fundo - As dores é só quando eles mexem? - assenti apenas - É doutora... tá bom... tudo bem, obrigada. - desligou a chamada - Ela disse para você fazer o que já está fazendo, se continuar melhor ir no hospital.
- Mas é normal?
- Ela disse que podia estar relacionado com stress e preocupação. - falou se sentindo culpado.
- Mas eu já estou mais calma.
- Mas os bebés ainda não sentiram isso, continua respirando fundo.


Fiquei deitada apenas fazendo o que a médica mandou. Luan saiu por instantes e voltou com um copo de água me dando. Bebi um pouco e já começava a ficar melhor.


- Foi culpa minha né? - Se sentou na ponta da cama me olhando - Eu gritei com você, me exaltei, e você ficou nervosa. Me desculpa.
- Nada não, eu vou ficar bem.
- Mas você tem razão. - se virou de costas e apoiou os cotovelos nas pernas - Eu estava pensando apenas em mim e não na Ceci e em você, eu apenas queria cuidar disso por mim sabe? Mas eu sei que não iria fazer nada também e como você falou, o mais certo seria mandar a menina para a reabilitação, ou seja, deixar os problemas nas mãos dos outros, no Logan eu confio mais, a gente já o conhece e se ele se ofereceu para isso, só nos resta lhe dar esse voto de confiança.
- Você está falando sério?
- Estou, acho que vai ser bom pra ela, se afastar de tudo isto. Você acha que ela vai gostar da ideia? - me olhou finalmente.
- Eu acho que sim mas amanhã falamos com ela. - sorri pequeno - Obrigada por isso.
- Que é isso, nada não. Você está melhor?
- Estou. - ri sem graça - Agora se deita do meu lado por favor, eu quero dormir.
- Mas antes me deixa te beijar. - veio até mim e me beijou calmamente.


(...)


Fomos almoçar a casa dos sogros e passaríamos em casa do meu irmão de tarde para Cecília ver todo o mundo. Eles não tocaram muito no assunto que nos preocupava ultimamente, apenas descontraíam e faziam a Cecília se sentir um pouco melhor. Mas Luan viajaria amanhã e teríamos de lhe contar que iria para fora uns tempos.


- Cecília fica aqui com a sua mãe, vou colocar o seu irmão na cama e já desço. - Lucas pegou no sono durante o caminho.
- O que o papai quer conversar?
- É algo sério filha, mas para o seu bem.
- É algo ruim?
- Depende do ponto de vista, eu se tivesse essa oportunidade aproveitaria e com certeza iria gostar. - ri fraco e ela semicerrou o olhar me encarando. Luan desceu um tempo depois
- Bem. - ele começou por dizendo e Cecília o olhava atenta - Como você sabe, eu disse que iria te ajudar a passar por esse vício e por essa decepção que você teve. Não é justo uma garota de 14 anos estar passando por isso, eu vejo que você continuava desejando fumar, o seu corpo pede isso e você tenta se distrair com outras coisas ma aí dentro fica frustrada não é? - Cecília assentiu olhando para o chão.
- Então eu tive a ideia de ligar para o Logan. - continuei - Só para ele dar umas dicas mas ele propôs te ajudar.
- Como assim?
- Você irá para Inglaterra viver com ele por um tempo, estudará numa escola de lá, e ele vai te ajudar a vencer isso.
- Mas... - nos olhava aflita - Eu tenho vocês aqui, como eu vou para tão longe assim?
- É para o seu bem, pensa pelo lado bom, você vai conhecer e viver como uma verdadeira inglesa, isso é uma experiência incrível.
- Não é mãe, eu não terei vocês. Eu entendo que vocês querem o melhor pra mim mas acham que me mandaram pra fora é o melhor?
- Eu também achava que não, mas é sim o melhor. - Luan confessou - E você vai viver algo diferente, Encara como sendo um intercâmbio e com a sorte de estar com o Logan, você adora-o.
- Eu adoro mesmo mas não sei pai, e se eu vou mal na escola?
- Não vai, você é super estudiosa, a gente acredita em você. Você acredita em você?
- Se vocês acreditam, eu também. - se deu por vencida sorrindo pequeno - Mas vocês vão em visitar né?
- Claro, até porque te iremos levar.
- Como assim Luan?
- Daqui a duas semanas eu faço anos e vou comemorar lá, assim a Cecília fica logo lá. Um aniversário diferente seria legal, porque não né? - deu de ombros rindo.
- Você só inventa. - ri junto. - Mas adorei, e sabe quem irá amar ir junto? A Bia.
- Nossa, é mesmo, ela ama Inglaterra.


Liguei imediatamente a Bia e assim como pensava ela ficou eufórica, dizendo que seria o lugar ideal para fazer a festa de despedida de solteira. Ela casaria em dois meses, mas aproveitaria a viagem para isso. Combinámos que ela e Felipe iriam junto, até porque como eram padrinhos da Cecília se sentiam nesse direito.


(...)



Cecília On:


Nem acredito que estou fazendo as malas para morar por longos tempos em Doncaster. Era algo que não passava nem nos meus sonhos. Tudo bem que eu adoraria conhecer Londres, mas morar numa cidade inglesa era algo inimaginável.  A minha madrinha sempre me falava das suas viagens pela Europa e do quanto amou conhecer Inglaterra. Era chegada a vez de eu conhecer também.


- Filha está terminando?
- Estou quase papai, mas ainda temos muito tempo né?
- Aham, o voo é só de tarde.
- Eu queria fazer uma coisa antes de ir pai. - o olhei mordendo o lábio.
- O quê?
- Visitar o Henrique. Ele me entregou pra vocês mas ele tinha razão, eu que não quis abrir os olhos e confiar nele. Eu sinto a falta dele papai.
- Então termina e desce que eu te levo em casa dele.
- Mas ele deve estar na escola. - fiz cara de desagrado.
- Eu vou ligar para o pai dele, de qualquer das maneiras desce. - assenti e fui pegar nos casacos quentes, afinal estávamos em Março e na Inglaterra ainda é Inverno, quase Primavera, mas o tempo pode enganar e é sempre bom levar roupa quente.


Minha mãe falou que não precisava levar tanta roupa assim porque lá tinha lojas com roupas diferentes e estilosas e que a minha madrinha queria me levar lá para fazer compras. Ri com isso, ela sempre adorava comprar coisas, e não só para ela, para todo o mundo. Desci e papai estava no telefone ainda.


- Está com sorte você. - me avisou após encerrar a ligação. - O Henrique está com gripe e tem ficado em casa estes dias.
- Nossa, coitado. Mas vamos lá, pode ser que ele goste da minha visita. - sorri esperançosa e papai assentiu.


Em princípio meus pais ficariam em Inglaterra uma semana, visto que minha mãe estava grávida e o melhor era permanecer no Brasil. O tempo estava meio nublado e garoava um pouco, ou esta não seria a cidade de São Paulo. Papai dirigia e eu aproveitava para observar as paisagens. Estávamos chegando no condomínio do Henrique quando vi um rapaz de costas, eu reconhecia-o de algum lugar. Assim que papai passou por ele eu vi ser Kauan.


- Pai pára. - falei me surpreendendo a mim mesma. - Pára pai, eu preciso fazer uma coisa.
- Mas você precisa fazer o quê? - me indagava confuso enquanto parava o carro na berma.
- Era o Kauan ali, eu tenho de falar com ele.
- Ah mas você não vai falar mesmo, está louca?
- Eu preciso papai, quero deixar as coisas claras.
- Eu já as deixei. - falou irritado e suspirei.
- Eu sei, mas me entende. - o olhava suplicando. - É rápido, não demoro, eu juro.
- Rápido e porque você vai embora hoje, senão podia desistir dessa ideia.


Saí do carro apressada e caminhei em direção de Kauan que caminhava distraído olhando para o chão enquanto escutava música. Assim que fui me aproximando ele foi notando a minha presença e se admirou por me ver ali.


- Cecília?
- Eu mesma, é... Eu estava passando e te vi, decidi parar.
- Você está bem? - ele me interrompeu.
- Estou indo e você?
- Nem sei, muita coisa mudou, meus pais me tiraram do colégio e me mandaram para outro mais exigente ainda, e tenho andando na reabilitação, eles não aceitam que eu fume.
- Eles tem razão.
- Estou quase fazendo 18 anos, eles não podem mais mandar em mim.
- Mas até lá você tem de os obedecer. Mas adiante, eu apenas quero te falar que você foi uma grande lição para mim, acho que agora estou mais blindada a pessoas como você. Foi bom o tempo que tivemos juntos mas tudo não passou de uma aposta pra você.
- Eu me arrependo, eu realmente me apeguei em você, mas sei que é tarde para me redimir, já fiz a merda.
- Exatamente e só estou te falando porque viajo para Inglaterra hoje de tarde onde irei viver durante uns meses e não queria ir sem saber pelo menos se você está consciente do que fez.
- Você vai morar fora? - assenti - Porquê?
- Ao contrário dos seus pais, os meus acham que morar com o Logan, amigo da família, é melhor do que estar numa clínica de reabilitação.
- Aproveita, você merece muito ser feliz e me desculpa por tudo, principalmente pela última vez que nos enfrentamos.
- Já passou. Bem, se cuida. - virei costas e papai já estava fora do carro.
- Espera. - Kauan me chamou - Obrigado, espero um dia ter o seu perdão. - assenti e prossegui.


Eu poderia ter-lhe perdoado? Podia, mas ele não merecia e eu não estava preparada para isso. Depois de falar com papai ele finalmente entendeu que foi bom eu ter visto Kauan, assim pelo menos fechava aquela porta na minha cabeça e não pensaria sequer em como ele poderia estar. Chegámos na casa de Henrique e meu pai foi comigo. Eu estava nervosa, suando frio e ansiosa para o ver. A sua mãe abriu a porta e ficou contente em me ver, ela não deveria saber de nada.


- Que bom que você veio Cecília, vai ser bom ele te ver.
- Obrigada, também é bom ver a senhora.
- Luan quanta honra.
- Que é isso Mariana. - papai a cumprimentou.
- Você sabe onde fica o quarto né? - assenti - Fica á vontade, eu faço companhia para o seu pai.


Subi e a cada degrau o nervosismo só aumentava. Finalmente estava de frente á porta do seu quarto e bati levemente escutando um "Entre". Abri-a lentamente e entrei. Henrique estava assistindo TV e assim que me viu ficou estático.


- O que você está fazendo aqui?
- Sua mãe não avisou que eu viria?
- Não, o que foi?
- Você sabe o que aconteceu comigo?
- Não, depois daquele dia da sua casa nunca mais tive notícias suas, apenas que estava viajando com seu pai.
- É uma longa história, mas eu realmente ficaria agradecida se você me escutasse.
- Senta aqui. - apontou para o seu lado na cama e fui até lá meio receosa. - Pode começar.


Contei a história toda a Henrique, ele ficava demonstrando caras que até me assustavam e outras que me faziam rir. Quando terminei ele mantinha o olhar fixo no chão.


- Eu te avisei Cecília. - me olhou magoado.
- Eu sei, e por isso estou aqui. Eu aprendi bastante com tudo isso, eu realmente estou arrependida do que fiz contigo.
- E agora está indo para a Inglaterra e espera que o bobo aqui te desculpe de toda essa burrada? - assenti mordendo o lábio - Você acertou, porque este bobo aqui ainda te ama e só quer a sua felicidade. - sorri enorme e pulei em seus braços o abraçando bem forte.
- Eu te amo Rique, eu sabia que você não em ia abandonar nunca.
- Não sei viver sem você menina Santana. Agora melhor se afastar antes que fique com gripe também. - rimos.
- Você está melhor?
- Estou, amanhã já regresso à escola, vou sentir a sua falta. - me confessou e só então percebi que teria de me despedir de algumas pessoas por bastante tempo, meus olhos imediatamente lacrimejaram.
- E eu sua, mas eu volto e voltarei ainda melhor.
- Espero que sim, e espero também que seu pai te coloque novamente no mesmo colégio, senão terei de pedir transferência.
- Bobo. - fiquei o olhando. - Você promete que não me vai esquecer nem trocar por ninguém?
- Claro que prometo, você é insubstituível Cecília Santana, ninguém ocupará o teu lugar, espero que você faca o mesmo com o meu.
- É um lugar bem disputado. - brinquei - Mas você estará sempre no topo.
- Guarda uma dança pra mim na sua festa de 15 anos.
- Eu guardarei, espero voltar bem antes mas caso não aconteça. - dei de ombros.
- O Logan vai saber cuidar de você.
- É, e pode ser que ele venha pra cá comigo, afinal ele será o meu príncipe.
- Sempre fazendo inveja. - me repreendeu brincalhão.
- Não tenho culpa, só espero que nem toda a gente seja uma Ashley. - rimos.
- Faz boa viagem e me escreve bastante.
- Escrever? Isso é bem antigo Henrique. Nos falamos no Skype.
- O que é antigo por vezes tem um significado diferente. - piscou o olho.
- Vou pensar no seu caso. Agora me abraça de novo porque meu pai está esperando.
- Vem cá pequerrucha.


Nos abraçamos por bastante tempo e quando nos soltámos o olhei, ele também me encarava e nossos olhares intercalavam entre a boca e os olhos. Me aproximei e toquei seus lábios com os meus o sentindo aprofundar o beijo.


- Me desculpa, eu não deveria. - me afastei rapidamente.
- Você deveria, assim você viaja com uma boa lembrança e espero que não a esqueça.


Sorri sem jeito e fomos interrompidos com batidas na porta, Era papai e D. Mariana, Henrique ficou feliz em ver meu pai, e meu pai igual, Não sei o que os pais tinham, mas parecia que tinham um radar que dizia se certa pessoa era boa ou não companhia para os seus filhos. E até agora papai parecia ter adivinhado. Nos encontrámos no aero com meus padrinhos. Meus avós e meus tios estavam ali e a saudade já apertava. Chorei imenso quando me despedi deles mas teria de entender que seria bom para mim. O voo seria longo, mas em breve estaríamos em Londres, onde ficaríamos três dias antes de viajar para Doncaster.




Desculpem a demora. No fim de semana não estava com cabeça para escrever e hoje escrevi porque prometi á Val que postaria hoje um grandão, porque estou com cólicas e é foda. Por isso amanhã se não tiver vocês já sabem kkkkk

Clara ligou para Logan e ele fez uma proposta. Clara gostou mas Luan nem por isso, até gerou uma pequena DR. Clara até passou mal mas ficou tudo bem. Finalmente chegou o dia, e parece que Cecília quis deixar tudo resolvido. Até falou com Kauan kkkkk E esse beijo com o Henrique? Saidinha que nem o pai kkkkkk 
Quase em Inglaterra, o que acham que vai rolar? Comentem por favor. Beijos <3



7 comentários:

  1. Agora ela entra na linha de novo, assim espero!

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  2. Ai que bom que ela fez as pazes com Henrique. To louco para os gêmeos nasçam. Na hora que ia cobra o capítulo você postou kkkkk melhoras ninguém merece cólica :(

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  3. Não concordo com essa viagem da Cecília. No momento que ela está passando, ela tem que ficar ao lado dos pais, por mais que o Logan seja bom, já tenha passado por isso, mas o lugar da Cecília é ao lado dos pais e da família.

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  4. OI OII kkk lindo ( cê ja sabe que eu lembrei daquele sorriso de criança dele ). Então o Logan fez a proposta dela ir morar com ele, AMEI, menina sortuda viu? Armaria, eu agarraria esse tiozim aí, mintiran, eu agarraria o amigo dele, mas esse a Cecilia nem pode olhar :) Uma otima ideia, sabia que o Luan seria contra no começo e depois aceitaria, tenho certeza que logo ela vai ficar totalmente livre desse vicio e voltar outra pessoa, tenho certeza que vai viver muitas coisas nesse tempo longe.
    Ela e Henrique são TÃO LINDOS, meu Deusuuuu, melhor casal da fanfic, adios Claro e Luan kkkk quero eles juntos, quero ele visitando ela na Inglaterra *-*
    Tô ansiosa pra saber tudo que vai acontecer, to com inveja da Cecilia kkkkk e ACHO que a Bia deveria ter uma noite motho loka com o Hardin, só acho kkkkkkk despedida né, sabe como é, uma coisa carnal

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  5. também não acho certo a ceci ir ficar com o logan, é pra ela ficar com a clara e luan

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  6. Será que ir morar na Inglaterra é mesmo o melhor pra ela?
    Que fofo o Henrique, ele a perdoou pelas mancadas.

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