domingo, 20 de dezembro de 2015

Capítulo 120

- Papai porque você deixou ela entrar?
- Eu quero saber o que ela quer. - deu de ombros.
- Só espero que não traga problemas. - mamãe falou suspirando.
- Cecília melhor você subir.
- Porquê papai? - ele me olhou sério - O senhor não está pensando que eu ainda quero algum tipo de relação com ela né? Esquece isso papai, eu aprendi a lição. - garanti e Cida trouxe o meu chá com leite, é estranho, eu sei, mas na Inglaterra é assim que se bebe. 
- Tudo bem, você fica. Isso não te vai fazer mal não? Água com leite. - olhou estranho para o meu chá e ri.
- Não pai, pelos vistos isso é mito. 
- Porque motivo a Carolina quer tanto falar com você Luan?
- Eu que vou saber Clarinha.
- Nunca percebi o que você viu nela para terem ficado no passado.
- Ela era diferente, quer dizer... - fez uma cara de desagrado - Ela não era ela, ela fingia ser alguém melhor e eu gostava da companhia dela. Além do mais, eu andei com ela por sua causa.
- Minha causa? - mamãe indagou indignada.
- Você foi embora. eu tinha que me virar.
- Aff, me poupe Luan, eu fui embora por sua causa, então a culpa é somente sua. - papai riu, sabia que mamãe estava certa.
- Eu sei marrentinha.
- Por falarem nisso, o que aconteceu para vocês terem terminado? - questionei.
- Depois a gente te conta. - mamãe garantiu e papai a olhou com receio. 



Lucas estava brincando no quarto e os gémeos dormindo, estava sendo um dia legal, mas com a visita de Carolina poderia mudar. Eu não pensei mais nela quando estive fora, e percebi que não preciso dela, tenho meus pais que me amam incondicionalmente e não preciso de ter qualquer relação com a mulher que me abandonou sem escrúpulos. Finalmente a campainha tocou e Cida a abriu. Carolina entrou meio receosa e assim que nos viu na sala ficou tensa.



- Cecília, você já voltou? 
- Parece que sim. - respondi normal e ela sorriu de canto.
- Está melhor?
- Ótima. - beberiquei o chá e olhei papai que a esta hora já estava de pé de braços cruzados. 
- Boa tarde Luan, Clara. Eu não queria estar incomodando mas eu realmente preciso de falar com vocês, principalmente com você Cecília. - a olhei confusa.
- Senta Carolina. - papai sugeriu. - Pode ser direta, como deve imaginar você não é bem recebida aqui.
- Eu sei Luan, eu serei rápida. É o seguinte, O Juan...
- Quem é o Juan? - mamãe interrompeu.
- Meu filho, ele tem dois anos. Como estava dizendo, a gente estava brincando no parque e ele saiu correndo, vocês sabem como são as crianças, eu fui atrás mas foi tarde demais, ele atravessou a estrada e ... - soluçou chorando - Ele foi atropelado e está em estado grave.
- Cida traz uma água. - mamãe gritou e eu fiquei estática sem saber o que dizer de tudo aquilo. 
- E porque você nos contou isso? - papai que estava sério indagou.
- Ele precisa de transfusões de sangue, mas eu e o Leandro não somos compatíveis, no hospital também não têm o tipo certo. - me olhou por fim - A minha única esperança é a Cecília. - senti o clima pesar na sala. - Eles são irmãos, vocês querendo ou não. - minha mãe me olhou assustada e meu pai nos olhava. 
- Vocês já tentaram recorrer a outros hospitais?
- Já Luan, mas é difícil, eu não sei o que será de mim se perder mais um filho. Deus me deu uma segunda chance com o Juan e ao mesmo tempo me obrigou a aproveitá-la. Eu não posso ter mais filhos e não posso perder o único que me resta. - vi quando mamãe desviou o olhar emocionada, sempre ouvi dizer que mulheres se entendem e percebem o que a outra sente, talvez por mamãe já ter quatro filhos entenda Carolina.  
- Mas a Cecília é menor. - papai se mostrou reticente.
- Mas se for a única hipótese Luan. - aquele foi o momento em que todos da sala me olharam. 



Eu nunca vi em Juan um irmão, mas isso porque estava com raiva e mágoa de Carolina e Leandro. Agora sabendo de tudo isso eu não estava indiferente, eu estava triste por ele estar no hospital entre a vida e a morte, e só eu o poderia salvar, provavelmente. Kauan foi um idiota comigo mas a coisa mais acertada que ele já em disse foi que eu querendo ou não o Juan era meu irmão, e não merecia que eu o rejeitasse. Foi tomada por isso e por algo que não entendia que decidi aceitar.



- Eu faço isso. - falei por fim - Se eu for a única chance eu quero ajudar, ele não merece estar nessa situação.
- Você tem certeza filha?
- Tenho pai, ele é uma criança, em nada tem a ver com o passado e com tudo que rolou, eu quero ajudar o Juan.
- Obrigada Cecília. - Carolina agradeceu choramingando - Eu sabia que você iria ajudar, o Luan te educou direitinho e te passou os melhores valores. 
- Quando seria isso?
- O quanto antes Luan, eu estou agoniada.
- Amanhã cedo, normalmente tem de ser em jejum né? Então amanhã eu passo no hospital com a Cecília. 
- Obrigada Luan, não sei como agradecer. Eu vou indo, só vim mesmo pedir isso, tenho de voltar para perto do Juan.
- Vai ficar tudo bem Carolina. - mamãe falou sincera. - Seu filho vai sair dessa.
- Obrigada Maria Clara. 



Assim que ela saiu todos respiramos fundo, ninguém esperava algo assim. Mamãe saiu e foi para o quarto mas o olhar preocupado do papai sobre ela me deu a certeza de que algo a mais se passava. Encarei papai e ele desviou o olhar.



- Está tudo bem pai?
- Está filha, mas foi inesperado.
- Eu sei, mas vai ficar tudo bem.
- Vai filha. Você conheceu o menino?
- Aham, ele me chamou de mana. - falei receosa - Eu não...
- Hey, não precisa ficar reprimindo esse sentimento, ele no fundo é seu irmão sim e se você quiser se relacionar com ele tudo bem, a gente entende, afinal se fosse ao contrário a gente iria gostar que você se desse bem com o Lucas.
- É, mas eu não sei se devo, estou confusa quanto a isso.
- Você tem de ouvir o seu coração. - apertou minha mão e se levantou, depois de depositar um beijo em minha testa saiu.



Luan On: 



A vida nos coloca tantas provações na vida que a gente chega a um ponto que nem sabe para lado se virar. Não imaginaria que iria ajudar Carolina, ou simplesmente me sentir solidário com ela. Mas o fato de ser pai me abriu os horizontes e me fez entender muita coisa que não entendia antes. Eu faria tudo pelos meus filhos, matava e morria por eles. Então, eu entendia o desespero da Carolina mesmo querendo que ela se mantivesse longe de mim e da minha família. Foi por entender isso que percebi porque Clarinha mudou a posição fria que aparentou quando Carolina chegou e a posição compreensiva com que adoptou depois de saber o sucedido.



- Amor. - a chamei assim que entrei em nosso quarto, ela estava perto do berço dos gémeos os observando dormir. A abracei por trás e ela se encostou a mim abraçando meus braços que estavam em sua cintura.
- Espero que dê tudo certo Lu, não quero nem pensar se fosse com a gente.
- Eu sei, eu entendo você. - beijei seu ombro.
- A Cecília está de boas com isso?
- Ela está tentando aceitar, é difícil pra ela. Só tem 14 anos e já passou por tanta coisa.
- Ela será um mulher incrível amor. - se virou pra mim e abraçou meu pescoço.
- Será como você. - acariciei seu rosto e ela fechou os olhos - Eu te amo tanto.
- Eu sinto que sim meu amor, eu te amo eternamente. - sorriu abrindo os olhos e selou nossos lábios.



(...)



Cecília estava pronta e saímos cedo de casa. Decidi não levar segurança, era cedo e iríamos no hospital, não seria necessário todo esse alarido. Carolina nos esperava no hospital juntamente com Leandro. Não deixei eles se aproximarem de Ceci, teria de separar as coisas e quando vi Leandro querer se aproximar dela a puxei para mim e rodeei o seu ombro com o meu braço.



- Primeiramente iremos tirar uma amostra e fazer análise. - o enfermeiro explicava - Não vai doer nada princesita. - Cecília revirou os olhos e segurei o riso, ela não gosta que lhe chamem essas coisas, a não ser pessoas que ela ama, como eu.
- Vai demorar muito? - indaguei.
- Não, em vinte minutos saberemos.
- E isso não é muito? - ironizei - Agilize. - falei sério e ele me olhou assentindo.
- Papai. - Ceci me repreendeu rindo assim que ele saiu. - O senhor não muda nunca.
- Me respeita menina. - brinquei e ri com ela.



15 minutos depois....



- Já tenho os resultados. - o enfermeiro avisou, pelo visto valeu a pena o olhar sério, ri com meu pensamento e fui despertado com a Carolina.
- E aí, é compatível?
- Se acalme senhora Carolina, como nos informou, a menina é irmã do Juan e as chances eram enormes e sim, ela é compatível.
- Sério? - Cecília indagou surpresa - Então eu posso ajudar o meu... o Juan? - ri fraco.
- Pode sim, até porque a sua saúde está boa. vamos começar a recolha do sangue.
- Tudo bem. - Ceci se sentou na cadeira e me olhava, me sentei ao seu lado e fiquei observando tudo. - Depois eu posso ver ele? - indagou receosa.
- Claro que sim. - o enfermeiro respondeu.



Depois do sangue recolhido Cecília conseguiu ver o menino rapidamente. Iria esperar do lado de fora mas ela me puxou pela mão, Carolina e Leandro não se importavam e entrei. O menino estava desacordado e com vários ferimentos. Não pude deixar de reparar que tinha algumas parecenças com a minha filha, o nariz e as bochechinhas que ela tinha quando criança.



- Obrigada por ter vindo comigo papai. - me agradeceu assim que saímos do hospital.
- De nada filha, já tem as coisas mais claras quanto ao que sente pelo menino?
- Eu me senti muito bem em ajudá-lo, e... - me olhou procurando as palavras - Acho que vou me aproximar dele, você e a mamãe se importam?
- Não filha, ele é seu irmão, e você é a única irmã que ele tem.
- É, eu não me imagino sem o Luquinhas por isso acho que o Juan irá gostar de crescer com uma irmã também.
- Você está diferente Ceci. - constei.
- Porquê? - questionou confusa.
- Está mais madura, mais séria, mais determinada. Estou gostando de te ver assim mas não esquece da sua essência.
- Isso nunca papai, apenas estou aprendendo aos poucos com a vida. - ri.
- Parece uma moça mais velha falando, você tem muito tempo pra crescer.
- Eu sei papai, não se preocupe.



Cecília On: 



Um mês se passou, fiquei sabendo que o quadro clínico do Juan melhorou e que ele acordou. Com certeza que o iria visitar em breve. Hoje começariam as aulas, o que me alegrava e motivava era ver Henrique.



- Seu pai chega amanhã né? - me perguntei.
- Sim, ele ligou ontem e disse que amanhã de manhã chegaria em casa.
- É, ele me chamou pra passar a tarde lá em sua casa.
- De novo? - indaguei admirada.
- Ele quer a desforra do video game.
- Vocês dois juntos não dá certo.
- Claro que dá. Meu pai não tem tempo de se divertir comigo então tendo o seu pai é super bom sabe? Não cobro do meu pai, ele trabalha e quando pode está comigo, mas é diferente.
- A diferença é que o meu pai quando quer é uma criança autêntica. - zoei e Henrique riu.
- Eu não diria isso perto dele.
- Ele sabe. - dei de ombros - É das coisas que mais amo nele, mas fico feliz que você vá lá em casa.



Henrique passou a tarde com meu pai como combinado. Minha mãe ria deles, era estranho o meu pai ter uma amizade com um rapaz tão novo como Henrique, da idade da filha. Mas meu pai estava sendo ele mesmo. Mamãe arrumou uma mesa com um lanche gostoso e nos reunimos na sala. Os gémeos só dormiam. Minha afilhada acordou e a peguei no colo brincando com ela.



- Luan será que no fim de semana eu posso levar a Cecília numa festa? - Henrique perguntou a meu pai nos surpreendendo a todos.
- Que tipo de festa Henrique?
- Uma festa que os filhos dos amigos dos meus pais organizam todos os anos, é como se fosse uma tradição para que os filhos tenham a mesma amizade que os nossos pais têm.
- É onde?
- Num salão de festas aqui em Sampa, costuma ser bem calmo e tranquilo. Sei que o senhor pode estar com o pé atrás ainda mas ela estará comigo e nada de ruim acontecerá. - Papai segurou um sorriso. - Eu trago ela em casa na hora que você marcar. - Henrique falava sério e responsável.
- Ela pode ir sim. Mas não quero que haja confusão Henrique, estou confiando em você.
- Pode confiar.



(...)



A festa chegou. Papai estava viajando e como gostava tanto de Henrique nem colocou limite de hora mas o chato do meu melhor amigo disse que por volta da meia noite eu estaria em casa. Não adiantaria relutar, ele levava sempre a melhor. Me arrumei e mamãe apareceu no quarto me ajudando a arrumar o cabelo. A festa era um pouco formal e chique.





Assim que chegámos pude ver como o salão era enorme e bem decorado. Henrique me ajudou a sair do carro e entrelaçou nossas mãos. Sorri e ele retribuiu, seguimos e pelo caminho Henrique encontrava alguns conhecidos.



- Chegou o nosso caçula. - um rapaz loiro alto gritou assim que entrámos no salão onde a maioria das pessoas estavam. - E trouxe a namorada.
- Cala a boca Rogério. Pessoal esta é a Cecília, minha melhor amiga. - me apresentou para todos.
- Não adianta vir com essa de melhor amiga, é linda demais só pra ficar como amiga. - o tal do Rogério falou e Henrique revirou os olhos.
- Mas é só melhor amiga, o que não significa que você não tenha de se manter longe na mesma, entendeu? - Henrique returcou e o Rogério riu.
- Fica relax amigão, sou de boas.
- Não liga, muitos são idiotas.
- Parecem legais.
- Vamos beber alguma coisa. - me puxou até á mesa e nos servimos de um suco.



A música soava e era bastante animador, toda a gente era muito simpática e com boas energias. Comemos alguns dos petiscos que tinha na mesa e nos acabámos na dança.



- Cecília vem comigo.
- Onde? - indaguei vendo a cara séria dele.
- Lá fora, é rápido. - lhe dei a mão e seguimos por entre as pessoas até chegar do lado de fora que era rodeado por um jardim lindo. Henrique discou algo no celular e ligou para alguém.



Realmente o barulho do lado de dentro não estava propício a chamadas telefónicas. Alguém esbarrou em mim e quando dei conta era o Rogério. Me pediu desculpa e se afastou um pouco acendendo um cigarro. Fiquei encarando, eu já não via alguém fumar há muito tempo, e estava conseguindo conviver com isso. Mas aquele cheiro se fez mais presente e olhei Henrique que falava no celular.



- Você fuma Cecília?
- Já não. - respondi desviando o olhar, não seria nada bom continuar observando.
- Já não? Nossa, você é uma caixinha de surpresas. - riu fraco.
- É, são tempos que pretendo manter no passado.
- Muito distante?
- Não, um passado bem recente.
- Me desculpa, eu não sabia, se preferir eu vou fumar para outro local.
- Não, fica á vontade, eu aprendi a me controlar e tenho de passar por isso, senão nem vale a pena sair de casa. - ri descontraída.
- O que vocês tanto conversam? - Henrique interrompeu.
- Estávamos falando do passado da Cecília e da fase rebelde dela.
- E desde quando você fuma Rogério? - Henrique indagou surpreso.
- Faz pouco tempo amigão, mas não aconselho ninguém.
- Porque não larga? - perguntei num impulso.
- Não é assim tão fácil, você deve saber bem disso.
- Eu sei, mas você só precisa ter uma motivação.
- Qual foi a sua?
- Minha família. - respondi rapidamente.
- Você teve ajuda? - indagou curioso e Henrique me abraçou de lado acariciando meu braço.
- Tive, é importante você se sentir apoiado sabe? Por isso só depende de você. - Piscou o olho agradecendo e voltei pra dentro com Rique.
- Você falou tão bonito. - me elogiou - Seu pai ficaria orgulho se te visse falando assim.
- Tenho certeza que você fará questão que ele saiba. - ri fraco e ele revirou os olhos me juntando mais a ele.
- Eu quero te mostrar uma coisa.



Saiu me puxando pelo jardim e depois de caminharmos um pouco chegámos num local com uma fonte iluminada. Henrique soltou nossas mãos e me pediu para observar o espectáculo de cores até me surpreender com o que eu menos esperava.





Boa noite *-* Carolina foi atrás de Cecília por causa do filho e parece que Cecília está aceitando mais o fato de ter um novo irmão. Apoio dos pais ela tem. E essa festa? Colocou á prova a nossa menina, mas ela se saiu muito bem, esperemos que continue assim. Luan está amigaço do Henrique e até confiou nele para levar Cecília na festa. Mas o que será que aconteceu? Que surpresa o Henrique lhe fez? Comentem por favoooooor ! Beijos enormes! <3



4 comentários:

  1. Flor indica a minha segunda Fanfic por favor. http://vejaosdetalhes.blogspot.com.br/2015/12/personagens_10.html?m=1

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  2. Bom ver a Cecília amadurecer. Ela precisa se aproximar do Juan, pois a criança não tem culpa dos erros dos pais.
    Ela está mais confiante de que conseguirá largar de vez o vicio.
    Henrique já conquistou o futuro sogro haha só falta a futura namorada rs

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