quarta-feira, 1 de julho de 2015

Capítulo 39

- O que é isso?
- Senta que eu vou te contar.
- Estou bem de pé. - cruzou os braços me encarando.
- Encontrei aqui no prédio o Joel, ele é sobrinho do porteiro e é lá de Campo Grande, fiquei sabendo que foi ele que arrumou as pastilhas para o Guilherme na outra vez.
- E resolveu experimentar de novo? Eu não acredito nisto Maria Clara. - me olhou incrédulo.
- Claro que não acredita, porque não é verdade. - me alterei.
- Por isso você dançou daquele jeito, estava sob os efeitos dessa merda que você segura agora na mão, como pode me contar aquela historinha? Você sempre quis isso. Senão essa merda não chegaria até você. 
- Pára de falar essas coisas. - gritei chorando já. - Você não sabe de nada pra me julgar desse jeito. Eu não uso isto, ele que me enviou pra me tentar mas eu não quero.
- Não quer? Pára de se enganar. Não acha coincidência demais encontrar o mesmo cara que vendeu ao outro canalha essa merda? - Me assustei com a reação dele - Quer saber? - me olhou com raiva e mágoa na voz e no olhar - Eu perdi todo o orgulho que tinha em você, foi uma desilusão ter acreditado que você realmente poderia dar muito ao mundo da dança.
- Luan, não fala isso. - neguei e ele riu fraco. - Acredita em mim.
- Depois do que vi é complicado acreditar Maria Clara. - se virou.
- Onde você vai?
- Embora, não consigo estar perto de você sabendo que anda consumindo isso.
- Mas eu já disse que não consumo nem quero. - falei firme.
- Me dá um tempo.
- Um tempo? - indaguei com a voz embargada.
- Quanto for preciso.
- Não vai embora, por favor? Acredita em mim Luan, eu não uso isto, acredita Luan. - ele me olhou por alguns segundos e sem nada dizer saiu batendo a porta.


Como ele foi acreditar nisto? Não era possível. Me doeu ver a mágoa e desilusão nele, me doeu saber que ele não acreditava no que eu disse. Eu no fundo entendo, eu estava segurando aquilo e a imagem que ele viu lhe deu essa impressão errada. Me sentei no sofá e chorei. Já nem quis jantar, apenas me troquei e adormeci entre um choro incessante. Bia me acordou no dia seguinte aparecendo lá em casa. 


- Que cara é essa?
- Cara de quem dormiu chorando.
- Chorando? Brigou com o Luan? - assenti. - Me conta tudo.
- Vou contar, tá vendo esse envelope aí? - apontei para a mesa de centro da sala.
- Que tem?
- Abre.
- Não acredito, você está consumindo isto de novo?
- Não, acha mesmo? - indague incrédulo e lhe contei toda a história.
- Eu percebo que o Luan tenha ficado com o pé atrás mas ao mesmo tempo foi bem criança e egoísta, pois não te deixou explicar tudo.
- Eu sei, ele quis logo dar um tempo. Poderíamos apenas brigar mas ele quis um tempo Bia. Logo agora que eu estou de malas prontas para viajar.
- Não pensa em desistir. - me olhou e dei de ombros sentindo meus olhos lacrimejarem. - Ah não Maria Clara, se você desiste eu te dou uma surra. - me ameaçou.
- Que graça tem eu ir embora sem me resolver com o Luan? Não vou conseguir me focar em nada.
- Claro que vai, é da maneira que foca ainda mais para tentar amenizar. Você quer que fale com ele?
- Não. - falei imediatamente. - Não Bia, ele tem de perceber as coisas por ele.
- Tá bom, me desculpa. - me abraçou reconfortante.



Luan On:


Estava puto da vida, achei que teríamos uma noite regada a muito amor e a imagem que vi foi algo que nunca imaginei. Não queria acreditar, no fundo não acreditava mas aquela imagem não saía da minha cabeça. Era coincidência demais um amigo aparecer e ser justamente o cara que arrumou a merda da droga da última vez para o filho da mãe do Guilherme. Me doeu vê-la segurando aquilo. Acordei super tarde pela noite mal dormida e assim que desci para comer alguma coisa Bruna chegava da faculdade.


- Morreu alguém pra você estar com essa cara de bunda?
- Não enche. - falei rude e segui pra cozinha.
- Que foi Pi? - veio atrás, sempre curiosa.
- Nada. - me encarou e semicerrou o olhar - Brigou com a Maria Clara?
- Não te interessa.
- Já vi que foi feio.
- Bruna sério, não insiste.
- Não insiste, mas está aí guardando isso pra você sem se abrir com ninguém que te possa dar um conselho.
- Não preciso.
- Pára Luan Rafael.  -falou firme. - Me conta agora o que aconteceu, senão terei de perguntar á Clara.
- Me deixa comer e eu já subo pra gente conversar.
- Vou ficar te esperando.


Comi apenas uma salada de fruta e um pão. Mamusca deveria ter saído, pois não estava ninguém em casa. Subi pouco tempo depois e estava decidido a me fechar no quarto para Bruna não me importunar mais, mas assim que abri a porta ela estava na minha cama mexendo no celular.


- Achou que ia fugir de mim? - bufei e me deitei. - Pode começar.
- Eu não te posso contar tudo, porque você não sabe algumas partes e não tenho o direito de contar algo que não é meu.
- Tudo bem.
- Eu vi a Maria Clara com algo que lhe fez mal no passado e por mais que eu não queira acreditar que seria possível ela voltar a fazer aquilo, eu não consigo apagar a imagem.
- Mas ela se explicou?
- Explicou, mas não me convenceu.
- Como não? Você foi logo tirando conclusões precipitadas como de costume né?
- Talvez. - falei em desagrado.
- Então porque não deixou ela te falar, talvez você tivesse acreditado ao invés de se basear numa imagem que pode não corresponder á realidade.
- Mas eu vi.
- Já pensou que ela pode achar o mesmo de você quando vê fotos suas com mulheres mais atiradas? Já imaginou se ela pensa que você trai ela por ver apenas uma foto?
- Não mistura as coisas.
- Não estou misturando, apenas te mostrando os dois lados da moeda, você pode ter errado. Você imaginou toda uma cena por algo que viu sem saber se é de verdade, assim como ela pode te ver com outras mulheres e pensar coisas, está no direito dela. Mas aposto que ela não pensa sequer, porque confia em você, mesmo sendo ciumenta. 
- Eu confio nela também.
- Mas duvidou assim que viu algo.
- Me deixa sozinho. - pedi.
- Não vai no jantar de despedida dela amanhã?
- Não sei.
- Me chama pra qualquer coisa. - assenti e fiquei entre pensamentos. Bruna tinha razão em partes. Mas eu estava magoado e desiludido.


Vi minha família sair arrumada para o jantar em casa da Maria Clara, decidi não ir. Não queria causar um mal estar entre a gente. Embora todo o mundo estranhasse, mas preferi me manter calado. Minha mãe desconfiou de uma briga mas não me prolonguei.
A viagem dela estava marcada para a manhã do dia seguinte. Não preguei olho a noite inteira e pela manhã recebi uma mensagem dela.


"Estou indo embora daqui a pouco. Queria que você me deixasse explicar e que acreditasse em mim. Eu seria incapaz de usar aquilo. Você me deu força e me fez acreditar que eu podia por mim mesma e agora sem você eu não sei se terei garra pra seguir, mas farei um esforço por mim. Se puder me encontra no aero."


Bruna bateu na porta e mandei entrar. Ela me olhou ainda na cama de cueca e negou.


- Não se vai nem despedir?
- Como ela estava ontem?
- Aparentava estar bem mas não estava, a Bia estava mais entusiasmada do que ela pra você ver.
- Alguém perguntou por mim?
- Todo o mundo, mas a Clara disse que vocês iriam ter um momento só vosso, só pra disfarçar. O Hugo bem que desconfiou mas não quis dar detalhes.
- Você está indo pro aero?
- Aham, você vem?
- Não sei.
- Só não desperdiça uma oportunidade de ser feliz Pi. Você pode consertar as coisas, não deixa ela te fugir desse jeito.


Só de pensar ela longe de mim ficava desesperado. Não seria boa ideia conversar com ela no aero devido ás pessoas que poderia ver e ouvir. Tomei um banho rápido e corri para a casa dela. Assim que entrei em sua casa pude ouvir apenas um silêncio.


- Maria Clara? - chamei na esperança dela ainda estar por ali. - Está aí? - não obtive resposta e assim que dei a volta pra sair me deparei com o envelope.


Fui tentado a abrir e ver que ali ainda estavam as pílulas. Mas junto estava um papel também, algo que não vi na última vez. Assim que o li pude ver que ela tinha razão, ela não queria, aquele tal sobrinho do seu Murilo que enviou para a tentar. Como fui burro ao ponto de acreditar apenas numa impressão errada e não nas palavras dela, que eram sinceras. Eu também não dei muita margem para que ela se explicasse e me arrependo por isso. Mas ao ver aquilo fiquei puto. Saí ás pressas rumo ao aeroporto. Me disfarcei do jeito que pude e corri tentando saber qual a porta de embarcação dela.


"Última chamada para Amesterdão na porta 10"


Ouvi a voz da informante ecoar e acho que nunca corri tanto na minha vida para encontrar a porta 10 que ficava bem distante. Assim que cheguei pude ver apenas uma pessoa entrando e provavelmente seria a última.


- Maria Clara não vai por favor. - gritei na esperança dela me ouvir entre um grupo de pessoas que iam mais à frente no corredor para o avião. - Eu te amo. - gritei aquilo que sentia de verdade e estava preso na garganta. Lágrimas desciam pelo meu rosto quando vi que ninguém sequer olhou pra trás.
- Eu também te amo muito. - ouvi uma voz chorosa atrás de mim e assim que me virei a vi de braços abertos para me receber.
- Me desculpa? Eu fui um ogro, eu nem te deixei explicar direito fui logo te acusando. Mas hoje em sua casa em vi o papel e se dúvidas restavam eu as esclareci.
- Eu também fui burra, deveria ter mostrado o papel, você perceberia logo. Mas perante o seu olhar eu perdi qualquer força para te enfrentar.
- Obrigado por não ficar magoada.
- Eu te amo.- me sussurrou.
- Muito. Você vai? - quis ter certeza. 
- Você quer que eu vá? - suspirou fundo.
- Eu quero, é para o teu bem. Eu vou dar um jeito da gente se ver meu amor. - encostei nossas testas e apenas um choro baixo se ouvia.
- Eu tenho de ir, promete que não me vai esquecer?
- Nunca, eu vou te esperar. - a beijei com toda a vontade e depois de um abraço forte e duradouro ela se foi me olhando. - Eu te amo muito. - falei inaudível e senti alguém me abraçar vendo que era minha irmã.
- Você tomou a decisão certa.
- Obrigado por encher meu saco e me fazer perceber as coisas.
- De nada, só espero que tenha aprendido a lição.
- Aprendi Bubu.
- Quatro meses passam rápido. - me reconfortou.
- Vai ser difícil.
- Eu te distraio. - sorriu meiga e a abracei de volta vendo o voo levantar levando a minha menina. 


Só então vi que os seus pais e Hugo estavam ali também. Cumprimentei todos e me despedi, não estava com disposição para conversar com ninguém. 


- Pi você vai ficar bem? Quer que eu vá com você?
- Vou Bubu, eu vou ficar bem. - virei costas e senti meus olhos se encherem de lágrimas. 


Entrei no carro e me permiti chorar. Eu perdi tempo pensando no que não devia ao invés de ter acreditado nela e aproveitado os últimos momentos que podíamos ter juntos. Mas ao menos consegui lhe dizer que a amava, não era mentira, eu apenas não sabia como lhe dizer isso, mas é quando vemos que estamos perdendo a pessoa que temos coragem para tal. Me acalmei e antes de voltar pra casa parei no Dudu, trabalhar sempre me ocupou demais a cabeça e hoje não seria diferente. 



Hey amorecos! Eita, Luan acusou Clarinha e não deixou ela se explicar direito, mas parece que com os empurrõezinhos da Bubu ele abriu os olhos e correu atrás do preju. Foi fofo demais dizer "Eu te amo" né? kkk  chorem comigo :') ahah Maria sempre chegou a viajar e Luan embora torça por ela sabe que não será fácil. Será que o nosso rapaz conseguirá aguentar quatro meses ou vai cometer loucuras tanto boas e/ou más? Hum kkkk Comentem bastante hein? Beijocas <3

10 comentários:

  1. Fiquei com dó da Maria Clara, Luan foi bem duro não ouvindo ela. Ainda bem que caiu na reação " a tempo ", mesmo tendo desperdiçado né...
    Que dorzinha ver ela indo embora e deixando ele aí :/ Espero que esses dois se vejam logo e matem a saudade que já devem estar sentindo. Quero só saber como vai ficar esse namoro a distância <3
    É claro que a Bia ficaria super feliz com essa viagem da amiga <3 Vai até visitar ela kkkk Adoro essa Bia viu amg? Só o nome dela... A única Bia que me dou bem kkkk

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Como ficará né? Uhuh finalmentre uma Bia que você gosta ahah

      Eliminar
  2. Eitaaa que capítulo cheio de emoções 😍😍 que esses 4 meses passe logo e que o Luan não faça nem uma besteira.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muitas Duda *-* Né? Tomara que ele não faça besteira!

      Eliminar
  3. Ai que bom que eles se resolveram , foram tantas emoções nesse capítulo . *LaisAraujo

    ResponderEliminar
  4. Luan realmente foi muito fofo *-* chorei na parte do eu te amo foi muito perfeita !! espero que ele não apronte nada de ruim em Kkk

    Priscila

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Essa parte é pra abalar mesmo :') Vamos ver se ele vai se comportar ! ahah

      Eliminar
  5. Cena de novela né? Luan percebeu que estava se precipitando. Mas quatro meses não passa tão rápido assim, dá tempo de fazer muita bobagem. Será?

    ResponderEliminar